Hiato velado ou Poema no meio
Desenhos de Roberto Freitas  
Desenhos de Roberto Freitas  
"Rotor", 2013  
"Rotor", 2013  
Roberto Freitas Galeria 2 - 2º andar de 17.08.2016 a 01.10.2016
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E por que não?

Vivemos em um período de transição – na arte, na música, na política, na natureza, na vida e no universo…

O formato deste milênio ainda não está definido, será que precisa? A pintura continua caminhando e é atual sempre, como uma pele do artista que produz, em um gesto intenso e muito difícil de realizar, essa “técnica emocional”. A tela pintada fala, surpreende, questiona o olhar e transporta para qualquer lugar do inconsciente e da realidade da mente. A “artepintura” muitas das vezes é orgânica e, também, visceral. Assim, ela permanece com vida ao longo da história da arte.

Isso é o que vamos poder observar nas novas exposições da dotART galeria, em Belo Horizonte. Estamos falando de um encontro de três artistas que utilizam o suporte pintura para realizar suas obras e um outro que utiliza pintura para surpreender o público em suas esculturas com movimento e musicalidade. Acho que o que esses artistas gostam mesmo de fazer é contar histórias, e é para isso que eles fazem essas pinturas, para contar um conto em suas obras…

Acredito que uma característica ainda mais importante desse encontro na dotART é a mutabilidade desses artistas, em transformar-se a cada compasso de pensamento, a cada pincelada, a cada tela realizada. É sempre possível sentir ao admirar suas criações! Estamos falando de uma pintura do tempo, sempre se renovando e sem medo, em uma maneira atual de fazer arte, sem ser datada e, sim, construção eterna. Há um frescor nas criações desses artistas que trabalham a arte sob o ponto de vista da filosofia e da subjetividade, dando ênfase aos sentimentos trazidos da relação do homem com a pintura construída.

Tanto Marina Saleme quanto Álvaro Seixas, Daniel Lannes e Roberto Freitas “falam em suas obras”. São pinturas com personalidade, um toque de estranheza e uma imensa sensação de emoções em cada tela e escultura mostradas aqui, brotando vida quando olhamos para cada uma. Essas criações desses são como um colírio em nossos olhos, despertam boas surpresas e prazer.

Isso é bom!

Desenhos de Roberto Freitas  
Desenhos de Roberto Freitas  
"Rotor", 2013  
"Rotor", 2013  
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O contador de sons…

A pequena mostra do artista Roberto Freitas traz ideia de renovação em nuances de sons, luz e ritmo em suas esculturas. Misturando linguagens visuais, tudo é poesia, tudo tem movimento.

Na arte, hoje, qualquer coisa pode ser “arte”. Sem dúvida, é possível fazer arte com tudo e com qualquer material, o que é bem diferente de dizer que tudo e qualquer coisa é arte. Roberto consegue trazer para a superfície seus projetos desenhados e suas esculturas em movimento, questões importantes da nova arte. Sempre atento e pesquisando temas referentes à forma, à estética, à matemática, à física, em uma delicadeza que envolve ao primeiro olhar, provocando uma relação de afeto e emoção em suas obras.

Sinto que a experiência do Roberto Freitas é daquelas que levam a vida para conquistar a simplicidade e espontaneidade do traço, da forma e do fazer arte. Aqui existe um amor à arte, sem dúvida, ele não faz arte se não tiver envolvimento amoroso com a ideia da arte. Senti, nele, uma paixão pela arte e sua criação – gosto muito do sentimento verdadeiro com “arte”. Tem uma inquietude que move os seus passos e as ações. A riqueza do trabalho do artista nos faz pensar e emocionar diante das suas esculturas, é como escutar uma sinfonia musical que leva ao êxtase, cada um a encontrar-se consigo mesmo.

Tive essa percepção quando conheci o artista, no Sesc em BH. Era o que procurava para amarrar o fio condutor dessas exposições aqui apresentadas na dotART galeria. Essa musicalidade com o mestre da pintura encaixou-se e completou o meu pensamento de curadoria (valeu Roberto!). Seu compromisso com a arte tem uma postura ética, contemporânea e honesta. Compreende a necessidade de desenvolver uma poética da sua própria vida. Com acordes  sonoros que despertam emoção e nos fazem sonhar novamente!