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Vista da exposição,  "Re-"
"Paleotoca", 2016  
Vista da exposição,  "Re-"
"Marco", 2014  
Vista da exposição,  "Re-"
Barrão Galeria 1 - 1º andar de 23.08.2017 a 21.10.2017
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Babilônia Mutante

Esse é nosso espaço de arte agora, onde impreterivelmente, as paredes são brancas. Pudera! O que precisa ganhar relevo são as expressões artísticas em diferentes suportes, impassíveis diante da contemplação humana, envoltas em suas próprias existências. Como um nervo óptico dando as informações através das obras esculturas e aquarelas do Barrão, na galeria 1, das obras pinturas e aquarelas da Renata Egreja, na galeria 2 e finalizando essas informações visuais são captadas na sala pensando com o Alexandre Sequeira os seus trabalhos de antropologia social e com pitadas de poesia e emoções que brotam com mais força nas interferências sensíveis do artista. Com essa visão a luz se projeta em objetos com resultados de forma, cor, tamanho, distância e espaço. Como na vida real que busca romper paradigmas da arte. Estamos vivendo uma época de rupturas que estão transformando o mundo numa velocidade nunca antes experimentada. Nessa atmosfera de incertezas (ou certezas) o fundamental é acreditar. É fazer!

Pelas leis da física, energia é uma propriedade que os objetos têm de transferir algum tipo de impulso à outros objetos por diferentes modos, como na exposição Re-, Barrão refaz todo organismo vivo que requer alguma forma de energia e que pode vir de várias fontes e origens em suas esculturas.

Já as pinturas de Renata Egreja recebe impulsos energéticos ritmado pela dança, emitidos pelo cérebro, este órgão estranho que habita nosso corpo. Essa força que nos leva a pensar, refletir, temer, ver, ouvir, falar, imaginar, sentir, analisar, cantar e criar. Isso significa olhar arte. Forças estranhas nos movem. E isso é bom!

Wilson Lazaro

Vista da exposição,  "Re-"
"Paleotoca", 2016  
Vista da exposição,  "Re-"
"Marco", 2014  
Vista da exposição,  "Re-"
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Wilson Lazaro Te vejo como um artista do colecionismo, que traz plano, volume e espaço unidos em um único objeto. Uma espécie de origami brasileiro onde a dobradura dá lugar as “quebradura”, isso principalmente nas obras mais antigas, que parece se relacionar com a história da sociedade que está sempre construindo, descontruindo, se transformando. Como você sente e percebe essas ações se firmarem na sua criação?

Barrão Não me sinto um colecionador. Eu gosto das coisas. Gosto de organiza-las. O que fiz até hoje no meu trabalho foi uma arrumação, uma re-organização. Uma re-classificação. Eu sempre escolhi como material do meu trabalho os objetos que estavam ao meu redor, objetos do dia dia, com eles fui criando associações, juntando peças de gosto duvidoso com elementos mais refinados, essas peças foram perdendo e ganhando qualidade se transformando em uma outra possibilidade. É disso que eu gosto.

 

WL Desfrutando sua obra, é possível reconhecer uma espécie de antropofagia onde me sinto em um banquete que permite comer, digerir e se nutrir de uma nova vida. Esta, sustentada por uma espinha dorsal que equilibra sua escultura. Como você sente esse equilíbrio/desequilíbrio no seu trabalho?

BA Eu gosto desta situação instável, desafiar a estabilidade. Como uma parte tão frágil pode sustentar uma mais pesada? Essa espinha dorsal também se forma com significados, cores e conceitos. A envergadura dos sentidos. Esse equilíbrio muitas vezes se estabelece entre o espectador e a obra.

Vejo também um novo prazer e poder que apresenta uma sedução na sua obra. Uma série de ações que você cria nessa investigação da nova escultura, que não se limita apenas à precisão matemática, mas também à uma leveza que pode causar uma certa ilusão, pois cria-se também um receio de que a escultura se mova e fragmente-se, mas sem sair do lugar.

Será que isso é uma nova maneira de se arriscar na arte hoje? Considerando que, de uma forma geral, parece não haver uma tendência a esse risco nos atuais movimentos artísticos.
Isso eu não sei responder! Acho que falta matemática na minha construção. Nos meus projetos o improviso aparece como solução para uma deficiência técnica e uma falta de planejamento estrutural. Eu me sinto um construtor de palafitas. procurando o equilíbrio entre as partes.

 

WL Diante da retirada da cor e também de toda essa limpeza proposta no trabalho, percebo uma potência criativa de um corpo viril e vivo na sua obra, pois ele continua com a mesma potência criativa. Será que essa limpeza e retirada da quebradura e da cor nos objetos é um pensamento particularmente minimalista?

BA Neste novo trabalho que estou desenvolvendo as relações entre os objetos são mais diretas, menos fragmentada. A cor branca fez realçar os volumes, a forma aparece mais, criou um aspecto mais escultórico.

 

WL Quando pesquiso sua obra, me lembro de um termo de Paul Cézanne; “a arte como religião”, pois sinto que sua obra possui uma espécie de ritual no momento da construção, onde há acordes sonoros que se equilibram entre silêncio e barulho. E ao mesmo tempo o trabalho possui um caráter lúdico, entendido como um jogo de construção, de realização. Como você se percebe como artista dentro dessa atmosfera?

BA Eu me pergunto em que momento começa uma obra. Por muitas vezes quando ando pelas feiras a procura de objetos para compor os trabalhos crio uma rotina, uma ordem de como procurar, como achar o que estou querendo. Gosto de sempre fazer o mesmo trajeto, repetir o mesmo caminho, deixar isto no automático e usar toda a concentração e percepção para encontrar o que procuro. Sem falar em algumas superstições!

Não sei se sou eu que acho as peças ou se elas é que me encontram… No atelier, depois de comprar esse material eu faço uma classificação e organizo as peças em estantes. Elas podem ficar um bom tempo ali até serem cortadas, coladas e grudadas. Até virarem uma outra coisa.